Apresentamos a seguir o projeto Grotinho de Paraisópolis . Construindo espaços de convívio - Edificio multi-funcional, de Boldarini Arquitetos Associados, premiado com Destaque na categoria Espaços Públicos no W Award, prêmio que tem o apoio do Ministério da Cultura e do Instituto São Paulo de Arte e Cultura - ISPAC.
Dos arquitetos: A Favela Paraisópolis, localizada na zona sul da cidade de São Paulo, apresenta vários trechos com problemas vinculados à estabilidade do solo, drenagem, circulação de veículos e pedestres, dentre outros relativos à questão habitacional. Particularmente o trecho conhecido como “Grotinho”, apresentava uma situação de assentamento com risco de morte e perda material para as famílias moradoras da área.
No Grotinho, as primeiras medidas implementadas no âmbito do programa de urbanização se referem à supressão do risco geotécnico, à implantação dos itens de infraestrutura e de área de lazer. Posteriormente, em uma segunda etapa, foi proposto o edifício de caráter multifuncional que consolida a intervenção integral nesse trecho da favela.
O resgate do caráter público dos espaços de convívio norteou o desenvolvimento do projeto como ação desafiadora. A implantação desses espaços na cota inferior da grota proporciona a integração direta com os espaços livres promovendo a articulação entre os novos equipamentos e o remanescente da favela.
A organização do edifício em níveis e volumes distintos faz uma clara referência à morfologia verificada nas construções existentes e sua maneira de acomodação ao relevo.
O edifício pretende estabelecer novas possibilidades de uso e apropriação do espaço ao explorar as relações entre os âmbitos do público e do privado a partir da coexistência dos diversos usos (moradia, comércio e serviços) e sua composição considera o espaço livre como elemento articulador e de suporte para o desenvolvimento das atividades coletivas.
As atividades de interesse coletivo estão dispostas nos diversos níveis que compõem o pavimento térreo, sempre articulado ao espaço livre, e diretamente relacionadas com as áreas de lazer e recreação. As moradias, previstas nos pavimentos superiores, constituem a transição gradativa entre o espaço público e o privado.
Como alternativa para a gestão do espaço, as unidades habitacionais serão destinadas às famílias moradoras da favela e que possuíam pontos comerciais como fonte de geração de renda. Este modelo visa criar um condomínio onde a manutenção e a zeladoria ficarão sob responsabilidade dos próprios moradores, correspondendo à definição física do uso multifuncional.